A era das Faculdades de Filosofia

Antes do Centro de Humanidades, muitos dos cursos que o constituem eram ministrados no Ceará (e no Brasil) pelas chamadas Faculdades de Filosofia. Surgidas dentro das mudanças relacionadas com a reforma educacional do ministro Francisco Campos, na década de 1930, e inspiradas no modelo alemão da Faculdade de Filosofia humboldtiana, as Faculdades de Filosofia tinham três objetivos. O primeiro era incentivar, promover e produzir a pesquisa “desinteressada” e a ciência “pura” (tanto as ciências do espírito como as da natureza), formando pessoal capacitado para os processos de industrialização e para a formação das novas elites urbanas. O segundo objetivo era formar professores de educação secundária (ensino médio), dentro da conjuntura de expansão e reforma dos ensinos de primeiro e segundo grau. Por fim, o último objetivo era constituir o núcleo a partir do qual se formariam novas universidades e/ou ser a fonte da formação do espírito universitário nas instituições já criadas, sendo responsáveis pelas disciplinas de ciclo básico dos demais cursos mais voltados para a formação profissional, como Direito, Medicina, Engenharia ou Farmácia, para citar alguns dos cursos mais comuns no período. Os modelos para o país no momento eram a Faculdade Nacional de Filosofia (1939) e a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, núcleo embrionário da USP (1934). No Ceará o primeiro estabelecimento do tipo foi a Faculdade Católica de Filosofia do Ceará, instituição vinculada à União Brasileira de Educação e Cultura, dos Irmãos Maristas, e criada a partir da mobilização e sensibilização de intelectuais, políticos, instituições culturais e autoridades em 1947. Dentro do movimento para a criação da Universidade do Ceará, iniciado em 1944, a Faculdade Católica foi pensada para ser o núcleo universitário a partir do qual as outras escolas iriam se unir para formar a Universidade. Todavia essa ideia não vingou devido a não consolidação da proposta de criação da Universidade a nível estadual. Com a nova proposta de criação da UC a partir do governo federal, apenas as instituições já federalizadas e a Faculdade de Medicina foram incluídas na lei de criação da Universidade do Ceará em 16 de dezembro de 1954. Mesmo assim, em já em 1956 a Faculdade Católica de Filosofia tornou-se uma das primeiras instituições agregadas a Universidade, junto com a Escola de Enfermagem São Vicente de Paula, passando a compor o Conselho Universitário e ter suas atividades-fim pensadas a partir da Administração Superior da UC. A Faculdade Católica possuía os seguintes cursos: Filosofia, Letras Clássicas, Letras Neolatinas, Letras Anglo-germânicas, Matemática, História e Geografia, esses dois cursos inicialmente ministrados como uma modalidade só. Com a Universidade do Ceará outras Faculdades de Filosofia foram criadas no interior do estado. A Faculdade de Filosofia do Crato e a Faculdade de Filosofia Dom José, criadas e agregadas a Universidade respectivamente em 1960 e 1961, são marcos da interiorização do ensino superior no Ceará, sendo a origem de duas universidades estaduais: a Universidade Regional do Cariri (URCA) e a Universidade Estadual do Vale do Acaraú (UVA).