Durante a primeira década de existência da Universidade, foram sendo criados setores, institutos, faculdades e escolas que começaram a dar materialidade para essa ideia do campus universitário a partir do Benfica: a Imprensa Universitária, a Escola de Engenharia, os Institutos Básicos, o Departamento de Cultura, a Concha Acústica, o Centro do Estudante Universitário (CEU), os Centros de Cultura Estrangeira, o Museu de Arte da Universidade do Ceará (MAUC), o Teatro Universitário e a Escola de Arquitetura. O Benfica passou a se consolidar como o principal centro cultural de Fortaleza no período, congregando os principais intelectuais da cidade a partir da Universidade. Mais ainda, a Universidade deu os primeiros passos para o seu processo de interiorização, apoiando a criação de instituições de ensino superior no Crato e em Sobral, patrocinando missões culturais e fomentando projetos de desenvolvimento social e industrialização.
Casas de Cultura
Os Centros de Cultura Estrangeira, atuais Casas de Cultura Estrangeira, foram criados a partir de 1961, com o Centro de Cultura Hispânica, junto à Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências, da qual fazia parte. No decorrer da década de 1960, foram sendo criados os demais Centros: o de Cultura Germânica (1962), Italiana (1963), Britânica (1964), Portuguesa (1965) e Francesa (1968). Em 1969, os Centros de Cultura passaram a se vincular à então Faculdade de Letras, dentro do recém-criado Centro de Humanidades. Em 1981, os Centros de Cultura passam a se chamar Casas de Cultura Estrangeira, vinculando-se somente ao Departamento de Línguas Estrangeiras ou ao de Literatura. Em 1993, foi criada a Coordenadoria Geral das Casas de Cultura, desvinculando-as dos departamentos da área de Letras. As Casas de Cultura partem do pressuposto de que a língua não pode ser desvinculada da cultura, relacionando o ensino de línguas estrangeiras a um calendário de atividades culturais e pedagógicas, voltado para acontecimentos históricos, políticos, literários e artísticos, tendo papel importantíssimo, não só no ensino de línguas estrangeiras em Fortaleza, como também no intercâmbio cultural da Universidade com instituições de ensino de outros países, sendo centrais na internacionalização da UFC.
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Clube do Estudante Universitário
Uma das primeiras ações planejadas na Universidade para os estudantes foi a criação do Clube do Estudante Universitário, voltado para a assistência estudantil. Fundado em 13 de outubro de 1956, sua primeira sede localizava-se na rua Senador Pompeu, 1613, perto da Faculdade de Direito. O CEU tornou-se um espaço de agregação e convivência importante para a formação do sentimento universitário, onde se realizavam festas e solenidades com participação de estudantes, funcionários, professores, autoridades e convidados de vários grupos sociais. O CEU funcionava sob a administração da Divisão de Assistência Estudantil e do Diretório Central dos Estudantes. Em 1961, no aniversário de 6 anos de instalação da Universidade, foi inaugurada a nova sede do CEU conjuntamente com o Gymnasium Universitário, que passaria a ser conhecido como a “Quadra do CEU”. O térreo abrigava o Restaurante Universitário e um espaço de lazer, enquanto o primeiro andar abrigava o DCE e a administração do CEU. O segundo andar foi projetado para ser uma residência estudantil. Como centro de convivência dos estudantes, o CEU tornou-se também um local de formação política e de reivindicações dos discentes, assim como um importante local de vivência cultural.
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Concha Acústica
A Concha Acústica ou Auditório ao ar livre Antônio Martins Filho foi um projeto do primeiro reitor da Universidade, com o objetivo de fazer da Reitoria um dos centros culturais da nova universidade que se construía. Desde aquela época, o espaço é utilizado para apresentações artísticas e culturais, aulas, manifestações políticas e as tradicionais colações de grau. O projeto foi escolhido em um concurso promovido na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP. Os vencedores foram um casal de namorados, Fábio Koch e Ruth Bicudo, que posteriormente se casaram. A Concha Acústica foi inaugurada em 1959, por ocasião da abertura do Congresso Nacional de Direito, em homenagem ao jurista Clóvis Beviláqua. Juscelino Kubitschek compareceu à solenidade, recebendo, na ocasião, o título de Doutor Honoris Causa.
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Escola de Arquitetura e Teatro Universitário
A Escola de Arquitetura foi criada em 1964 (lei nº 4.363, de 17 de julho), passando a funcionar no Benfica, inicialmente na antiga sede do MAUC e depois em sua sede própria. Em 1965, iniciaram-se as aulas do curso e, no mesmo ano, a Escola de Arquitetura foi inaugurada pelo ditador Humberto Castelo Branco, que participava dos eventos de comemoração dos 10 anos de instalação da UFC. A Escola de Arquitetura foi um dos núcleos de congregação cultural da segunda metade da década de 1960, sendo um espaço privilegiado nas manifestações e movimentos políticos e artísticos do período, em especial ligados ao movimento estudantil, como, por exemplo, o Grupo Universitário de Teatro e Arte (GRUTA). Essa importância é reafirmada com a transformação da Escola em Faculdade de Artes e Arquitetura, em 1969, que, além do curso de Arquitetura, passou a ser responsável pelos cursos de nível médio de Arte Dramática e Canto Coral. A Faculdade de Artes e Arquitetura fazia parte do recém-criado Centro de Humanidades, configurando como uma das mudanças na estrutura acadêmica da Universidade derivadas da Reforma Universitária. Em 1973, com o final desse processo de reforma, contudo, a Faculdade é extinta, transformando-se em Departamento de Arquitetura e Urbanismo, passando a se ligar ao Centro de Tecnologia.
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Escola de Engenharia
Criada em 1956, a Escola de Engenharia inicialmente funcionou em um prédio na Praça do Liceu. Em 1957, foi transferida para a Vila Angélica, residência que pertencera ao antigo presidente do Estado, engenheiro João Thomé de Saboya e Silva, que primeiro tinha idealizado uma escola de engenharia para o Ceará. Aos fundos, foram construídos pavilhões e salas para as aulas do curso de Engenharia, as quais são utilizadas hoje como salas de aula no CH2. Em 1968, a residência foi demolida e foi construído um novo prédio que permanece até hoje. No início dos anos 1970, a Escola de Engenharia se deslocou para a nova área de expansão da Universidade, a área adjacente ao antigo sítio Santo Anastácio, onde já se localizava a Escola de Agronomia, seguindo o plano de transferência das instalações da UFC para o que viria a ser o campus do Pici. As instalações no Benfica ficaram a cargo da Faculdade de Ciências Sociais e Filosofia, posteriormente (1973), Departamento de Ciências Sociais e Filsosofia.
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Imprensa Universitária e Departamento de Educação e Cultura
O Departamento de Educação e Cultura foi criado logo no início da Universidade, tendo amplas atribuições. Foi responsável por muitas iniciativas de planejamento e gestão antes das Pró-reitorias, como os Seminários dos Professores e a primeira tentativa de se estabelecer uma biblioteca central. Muitos cursos da Universidade tiveram início como cursos de extensão pelo Departamento, como o Curso de Jornalismo. Sua primeira sede foi no antigo Palacete João Gentil, localizada onde hoje é a entrada do CH3 voltada para a Avenida da Universidade. Em 1961, ganhou uma sede própria, ao lado da Igreja de Nossa Senhora dos Remédios, onde hoje é a sede da Pró-reitoria de Extensão. Nessa sede, funcionava também a Imprensa Universitária antes desta ganhar sede própria em 1967. Funcionando inicialmente na rua Major Facundo, 96, a Imprensa teve origem na compra da Tipografia Lusitana pela Universidade, em 1956, tendo sido um dos grandes canais de comunicação da Universidade com a sociedade em uma era antes da internet.
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Institutos básicos
Os Institutos Básicos foram o núcleo a partir do qual o Centro de Ciências foi criado. O primeiro Instituto criado foi o de Química e Tecnologia (1958), que inicialmente não tinha um caráter de ensino, apenas de pesquisa. Em 1961, com a criação da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências, o curso de Química foi criado, tendo suas primeiras aulas realizadas em 1962. Em 1963, o curso de Química passou a ser responsabilidade do Instituto de Química, que se mudara da Escola de Agronomia, no Pici, para o Benfica, localizando-se ao lado do Instituto de Matemática e do de Física, ambos criados em 1960. Os prédios dos Institutos se localizavam atrás da mansão João Gentil, no seu quintal, e foram projetados inicialmente como uma residência feminina para as alunas da Escola de Serviço Social, instituição agregada à UFC. Esse plano foi abandonado e o Instituto de Matemátia passou a ocupar o lugar. Logo o Instituto de Física e de Química e Tecnologia ganharam seus próprios prédios. Em 1965, inicia-se a expansão desse complexo, com a demolição da casa de João Gentil e a construção de um quarto prédio paralelo à Av. da Universidade, interligando o espaço dos prédios. Em 1969, são instituídos os Institutos Básicos, congregando os três Institutos já existentes e sendo criados os de Biologia e de Geociências. Os Institutos Básicos tinham como função instituir o ciclo básico na área de ciências e tecnologia e foram transferidos juntos com a Escola de Engenharia no início da década de 1970 para o Pici. Enquanto estiveram no Benfica, os Institutos não se destacaram apenas como lugares de pesquisa e estudo. O Instituto de Física também foi um dos núcleos culturais e políticos do Benfica da década de 1960, sendo palco de uma greve estudantil em 1968, em plena Ditadura, e tendo como estudantes os ilustres artistas e professores de Física Rodger Rogério e Dedé Evangelista. O Instituto de Química tem seu nome lembrado de forma mais triste, pois era onde estudava Bergson Gurjão, militante do PC do B morto pelas forças de repressão da Ditadura na Guerrilha do Araguaia.
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Museu de Arte da UFC
O Museu de Arte da Universidade do Ceará, criado em 1961, durante as comemorações dos seis anos de instalação da Universidade, foi situado, inicialmente, na casa onde funcionava o Colégio Santa Cecília, no antigo chalé do Coronel Carlos Eduardo Saulnier de Pierreleveé, onde, posteriormente, também funcionou, de forma provisória, a Escola de Arquitetura. Em 1964, passou a se construir uma nova sede logo ao lado: um prédio projetado por Gerhard Bormann, especialmente para abrigá-lo. A parte frontal do prédio recebeu um painel do artista cearense Zenon Barreto. Durante certo tempo, o casarão antigo conviveu ao lado da construção modernista, mas devido a fortes chuvas e às más condições de conservação, o teto do prédio antigo ruiu em 1966, sendo posteriormente demolido. O Museu de Artes da Universidade Federal do Ceará forma o principal acervo de artes plásticas cearenses, tendo guarda sobre obras de nomes como Raimundo Cela, Antônio Bandeira, Chico da Silva, Sérvulo Esmeraldo, Zenon Barreto, Barrica, Aldemir Martins, Nilo Firmeza e Descartes Gadelha, além de outros artistas nacionais e internacionais. O MAUC, desde sua criação, sempre foi uma referência cultural. Já em seus primeiros anos, foi um lugar de atração de artistas locais, em especial com os ligados à Sociedade Cearense de Artes Plásticas, não somente divulgando suas obras pelos salões nacionais e internacionais, mas agindo em uma espécie de mecenato, estimulando e patrocinando algumas obras que passavam a fazer parte do acervo do Museu. Alguns desses artistas até mesmo desempenharam funções como servidores na UFC, reforçando o papel da instituição como fomentadora das artes.